casa rakolis / 1999 / Maresias, SP

Daltro Mendonça

Pôla Pazzanese

Às boas ondas

O cliente chegou por amigo em comum, solicitando uma casa com um pátio que permitisse espaço externo protegido de insetos, para o terreno localizado no ‘sertão’ da praia de Maresias, com muita água próxima, lugar de bioma da Mata Atlântica completo, os insetos inclusos.

Como estávamos no escritório em casa, mostrei-lhe o pátio ali e fechamos na hora a parceria no projeto.

Ele, empresário, pretendia fruí-la para pegar ondas com bodyboard, seu esporte dileto e, casado com uma nissei, a profunda musa desse “pátio-abraço”, tinha intenção de preservar o local, junto com a fruição da família ali, do modo mais desembaraçado possível.

O lote também tinha solo predominante de pedras, que combinamos de usar em empenas que marcassem o desenho geral da casa e desse pátio, estabelecendo mais um vínculo dela e família com o lugar.

O partido seguiu então isso, de buscar uma vida mais voltada para essa apreciação e simplicidade toda, qdo pude então juntar saberes inusitados, perfeitos para a circunstância:

O das casas japonesas e seus engawa, os pátios mouros, as tabas indígenas e casarões rurais coloniais, e até os modernos que tentaram re-conjuntar isso tudo.

E desenhamos uma geometria espacial simples, com 2 laterais de dormitórios/banheiros e uma área central ‘social’, defronte todos ao pátio, unidos por uma varanda-engawa – um passar/estar – preservando-a do clima quente-úmido local, pq apenas estendia a sala, aberta assim  inteiramente para o pátio.

Para cobrir disso tudo, Daltro e eu desenhamos uma estrutura leve de madeira com conexões metálicas ou aparafusadas, pré-fabricável no local, que alegrou demais o genial carpinteiro mineiro que havia na equipe da obra.

E ainda encontramos um lindo paisagista que tanto entendeu o jeito nipo-brasileiro do pátio quanto editou as plantas tropicais, literal e literariamente, aconchegando de vez a casa e a gente no lugar.

– ouvindo jack johnson, ‘bubble toes’.