Pola Arquitetos

pôla arqs. - celso 'pôla' pazzanese

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casa una / 1996 / Barra do Una, SP

Pôla Pazzanese

Um sonho, quase lá

Pequeníssima casa de veraneio, tornada possível numa oportunidade quase improvável de aquisição de terreno num lugar, o litoral norte de SP, profundamente ligado à minha vida, e então já com custos da terra subindo bastante.

Local lindo, com riacho próximo, num pequeno condomínio organizado por amiga próxima, no sertão da Barra do Una.

Desenhada num momento de revisão de princípios sobre a arquitetura, resultou numa ‘síncrese’ – termo contemporâneo então, meados dos 1990’s – sobre minha formação nas ruas, sertões, praias e morros desse país, versus a formação profissional e acadêmica, tão andada quanto, numa espécie de ‘polialética’ interna, donde resultou uma casinha ‘nipo-caipiro-caiçara’, com um retorno à estrutura com madeira, motivado pelo amigo Ricardo Caruana, que introduzia no Brasil, por essa época, o sistema construtivo combinado de madeira-metal.

Organizada em torno de um pátio aberto, com parte dele abrindo para uma varanda-sala, 2 dormitórios e banheiro no térreo, com 2 alas para mais 2 dormitórios e social em cima, em patamares gentilmente adequados ao pé-de-morro onde se situa.

Essa casa, e a seguinte em SP, me resumiram o Brasil como me foi possível então – através dum tipo de ‘mínimo múltiplo comum’ a nós todos/as aqui – onde pude “refletir desenhando”, como me indicou o amigo Zico Rollemberg, a respeito de qual projeto poderia um arquiteto oferecer, de lugares e coisas, com sua rasteira reflexão e conhecimento organizados, sobre as possibilidades desse país, com o que tivesse à mão.

Construída só em parte, lá segue firme, ainda me questionando sobre arquitetura, pessoas, história, sistemas sociais, culturais ou econômicos, sistemas da natureza, enfim, tudo que nos rodeia e nos faz mais, ou menos, humanos.

Tudo que fiz adiante seguiu completamente diferente do que fazia ou pensava antes, passando a entender a arquitetura como uma investigação sobre o habitar humano e o correspondente desenho do ambiente, seu suporte básico-fundamental-elementar.

– ouvindo rita lee, ‘mania de você’.