Concurso C. Cult. Diadema / 1994 / Diadema, SP
Denise Calfa
Pôla Pazzanese (arquitetura)
Fabio Malavoglia (Curadoria)
Libero Malavoglia (Ilustração do conjunto)
O olhar e o ver
Projeto, classificado em 3º lugar em concurso público nacional, uma especulação sobre o que seria um centro cultural que buscava ampliar acesso a programações culturais municipais e, mais ainda, tornar-se um possível centro de apoio a culturas alternativas urbanas de então, como o punk, o rap etc..
Decidimos então fazer uma combinação entre 3 proposições de arquitetos sobre o Brasil, a respeito da nossa miscigenação arquitetural: a do Oscar, da Lina e do Artigas, num diálogo sobre brasis que se foram fazendo, a favor ou contra, os tantos projetos que fizeram ela e eles.
E isso considerando tudo que vinha sendo produzido culturalmente então, para tornar o edifício um suporte, mais que um condicionante.
Organizamos os espaços das diversas atividades culturais o mais economicamente possível – solicitação importante do edital – em torno de um grande saguão para expos e festas, com paredes estruturais levemente inclinadas, como se numa taba coletiva ortogonal, abrigando todo esse espaço com uma cobertura que permitisse ventilação permanente e iluminação natural, criando um pedaço de território abrigado, mais que apenas um edifício.
Sua entrada seria por uma rampa-rua, com sua abertura principal feita por grandes portas de garagem, elevatórias por contra-pesos, podendo ser inteiramente aberta como extensão da praça onde seria localizada, para a qual propusemos ainda uma passarela que permitisse acesso sobre a movimentada avenida lindeira.
Resolvemos o teatro como um foco dessa ação coletiva, inspirados no teatro Oficina como um teatro mutante, com arquibancadas móveis, adaptável a diversos modos teatrais, buscando apresentar à comunidade de artistas locais a maior disponibilidade possível de expressão, enquanto entrassem em contato com os saberes todos desenvolvidos em suas oficinas culturais.
Por fim coroamos essa “quasi-taba” com raios lasers, nas pontas superiores das arestas do edifício e seguindo a inclinação das mesmas, para fazer dessa base uma torre virtual, aéreo-etérea, tornando-a pela altura atingida visível por todo o ABC – e até acima da Serra do Mar – como um farol para dias de céu mais claro, a indicando na região e, dali, eventualmente até a navios se achegando ao porto de Santos.
– ouvindo gilberto gil, ‘punk da periferia’.